segunda-feira, 28 de junho de 2010

Solares Portugueses!

Estes velhos palácios, quase abandonados, olhei-os sempre, de longe, como um sonho de conforto, de intimidade e de bem-estar: de estabilidade na vida. Independência e sossego, possibilidade de fazer a vida como seja a nosso gosto! São os meus ideais impossíveis. Um velho solar de paredes que tenham vivido muito mais do que eu, dessas paredes que têm fantasmas, e, em volta um grande parque de velhas árvores, com recantos onde nunca vai ninguém. Viver o tumulto das grandes cidades e depois o silêncio, a solidão desses paraísos abandonados há muitos anos, onde entramos com não sei que inquietação-, como quem desembarca numa ilha desconhecida... Ah! isso, sim, é que me dava outras possibilidades de ser, de compreender e de ir pelo meu caminho. Mas não. Porque se luta, então, para conquistar um caminho que se sabe que não é o nosso? Somos nós próprios, que traímos a nossa vida. A vida não é isto, não é ganhar dinheiro. Isto é a fase primária, -quanto mais consciência tomamos mais nos enganamos, in: Branquinho da Fonseca, O Barão

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Sociedade

A intenção de querer corrigir os defeitos do carácter de um homem por meio de discursos e sermões de moral e transformar-lhe assim a própria natureza e moralidade, não é menos quimérico do que o de transmutar o chumbo em ouro, submetendo-o a uma influência exterior-, ou de levar um carvalho - por mais refinada cultura que se lhe aplique - a produzir damascos. (Schopenhauer, Contestação ao livre arbítrio)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Arte!

...o artista apela para aquela zona do nosso ser que não depende da sabedoria; para aquilo que, em nós, constitui uma dádiva e não uma aquisição - e, consequentemente, é mais permanente e duradouro. Ele dirige-se à nossa capacidade para o prazer e encantamento, para o significado do mistério que rodeia as nossas vidas; ao nosso sentido de compaixão e beleza, e dor; ao sentimento latente de união com a criatividade -[...] à solidariedade nos sonhos, na alegria, nos desgostos, nas aspirações, nas ilusões, nas esperanças, nos medos, que ligam os homens entre si, que ligam toda a Humanidade! (Joseph Conrad)

terça-feira, 22 de junho de 2010

A dança de Deus!


...dança Deus! Sacudindo o mundo, desfigurando as estrelas, afogando as vidas!...
             (Sombra e Luz)

                                                        in: DN, lágrimas e suspiros.

domingo, 20 de junho de 2010

Pensar, Pensar! (Homenagem a Saramago!)

O Caderno de Saramago
Pensar, pensar.
Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, não vamos a parte nenhuma. (in: Revista do Expresso, entrevista de 11 de [...]

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Os Deuses Caídos!

O problema é que, quando os deuses caem do pedestal e chegam à terra, descobre-se que são ainda mais desajeitados do que o comum dos mortais. É que, como diz Baudelaire, são como aves maravilhosas cujas «asas gigantes as impedem de caminhar». Sim, desastrados, desajeitados, vacilantes, é assim que se mostram os deuses caídos porque não estão habituados às misérias deste mundo, estás a perceber? Descem do Olimpo, olham à sua volta, pensam que isto é a Arcádia e julgam que comportar-se bem, ser generoso, desprendido e amável, leva a um bom desfecho; coitadinhos dos deuses. (Carmen Posadas)

Identidade!

É odioso julgarem saber quem somos quando nós próprios nos desconhecemos...

(Pedro Paixão, O Mundo é Tudo o que Acontece, Quetzal, Lisboa 2008)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Homem versus animal

Um humano nunca é um animal. Quando se diz que é um animal referimo-nos a comportamentos que ultrapassam infinitamente tudo o que um animal pode praticar.

In: Pedro Paixão, O Mundo é Tudo o que Acontece, Quetzal, Lisboa 2008

A Infinita Solidão!

A desilusão acompanha de perto a fantasia. A minha já ia duplamente ferida. Quando Armstrong pôs os pés na Lua só havia pó e rochas que para nada serviam. Nada respondia à nossa carência de tudo, nada justificava ou fortalecia a nossa fragilidade, que, pelo contrário, pareciam mais expostas do que nunca. Ficaram as belas e melancólicas fotografias do nosso planeta ampliando a já nossa infinita solidão.

In: Pedro Paixão, O Mundo é Tudo o que Acontece, Quetzal, Lisboa 2008